Por que a rotina oftalmológica da criança é obrigatória?

Muitos pais não levam seus filhos pequenos à consulta Oftalmológica por acreditarem que a criança não tem problema visual. É muito comum que a primeira consulta seja aos 6 anos de vida quando a escola, no ano da alfabetização, solicita o exame de rotina. Porém, mesmo que os olhos estejam aparentemente normais, é preciso consultar o Oftalmopediatra regularmente desde o primeiro ano de vida.

Por que a rotina deve começar cedo?

Primeiramente, a criança não tem uma referência prévia do que é uma boa visão. Para ela, todas as pessoas enxergam da mesma forma. Além disso, nessa etapa, os brinquedos são grandes e coloridos e não exigem muito esforço visual.

O segundo ponto de extrema importância é que a criança não nasce com a função visual totalmente formada. O desenvolvimento visual começa na vida intra-uterina e só se completa por volta dos 6 anos de idade. Qualquer interferência nesse processo, se não tratada precocemente poderá afetar a visão e a vida de forma permanente e irreversível. Por isso, é essencial ter certeza que está tudo bem para que o potencial de visão seja máximo.

Quando fazer o exame de rotina na infância?

A Sociedade Brasileira de Oftalmopediatria recomenda como rotina que a Primeira consulta seja entre 6 meses e 1 ano de vida. A segunda consulta, entre 3 e 5 anos de vida, preferencialmente aos 3 anos e, após os 5 anos, as consultas são anuais. Lembrando que caso surja qualquer alteração na saúde ocular, a consulta deve ser antecipada.

Como é a consulta de oftalmologia infantil?

A consulta é organizada em duas etapas. Na primeira etapa avaliamos a visão da criança e isso é possível mesmo que a criança não reconheça as letras ou mesmo, que não saiba falar. Fazemos ainda a avaliação da motilidade ocular e a presença de estrabismo. Em seguida, examinamos a parte anterior do olho (pálpebra, conjuntiva, íris e cristalino).

Após essa primeira etapa, pingamos colírios ciclopégicos para dilatar as pupilas. O uso desses colírios é indicado mesmo em consultas de rotina. Um dos motivos é que avaliação é facilitada pois as pupilas ficam maiores. O outro motivo, de maior importância, é que o colírio atua relaxando a musculatura dos olhos responsável pela acomodação.

A acomodação é como um zoom fotográfico natural que permite mudarmos o foco de longe e perto. Como a capacidade de acomodação da criança é muito alta (como se o tônus muscular fosse mais forte), se não dilatarmos as pupilas, podemos avaliar o grau errado dos óculos, diferente do que a criança realmente precisa.

Após pingarmos os colírios e aguardarmos seu efeito por 30 a 40 minutos, realizamos a segunda etapa do exame oftalmológico infantil. Verificamos a presença de grau e se há ou não a indicação de uso de óculos. Avaliamos ainda com mais detalhes o fundo de olho, permitindo o diagnóstico preciso e precoce de diferentes doenças oculares.